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Faça Audiovisual & Cinema - Roteiro - 17 setembro 2020

Como resolver problemas do seu roteiro: Principais dicas

Como resolver problemas do seu roteiro?

Você já estruturou sua história, criou grandes personagens e deu a eles falas concisas, digamos que você faça tudo isso, entregue seu roteiro para toda a sua família e amigos próximos apenas para ouvir um coletivo “ah tá bom”… não entre em pânico, você não tem um grande problema, exceto aquele que é comum a todos os roteiristas, mesmo os grandes. Todos os roteiros precisam de um ajuste fino depois que são escritos, em alguns casos é um ajuste rápido nos motores, em outros casos, é um novo motor. Nos próximos minutos, daremos uma olhada nos problemas mais comuns de roteiros e como solucioná-los  (via moviola.com).

Como resolver problemas do seu roteiro: Heróis desagradáveis

Batman
Divulgação: Photo by Serge Kutuzov on Unsplash

O público moderno tende a gostar dos heróis que tenham uma dose saudável de ambivalência. Que tenham seus ideais e motivações sendo constantemente cutucados e estimulados pelo conflito da história. Em muitos aspectos, um Batman vulnerável e torturado é muito mais interessante do que o Superman completamente invencível, mas o que você faz quando seu protagonista é muito desagradável? Bem, já sabemos a resposta, está no título do livro de Blake Snyder, escrevemos um momento Save the Cat.

Save the Cat é quando uma história mostra no início do roteiro o protagonista fazendo algo altruísta para nos dar um motivo para torcer por ele. Mas e se isso não for suficiente? Se o feedback que você está recebendo das pessoas é que elas não conseguem gostar do seu herói, você tem um problema. A solução, bem, você pode começar tentando melhorar seu momento de Save the Cat, mas às vezes o problema pode ser intrínseco à sua história.

A sua protagonista é uma assassina em um universo de crimes do submundo? Ou um traficante de drogas no centro da cidade? Montar dois grandes momentos de Save the Cat pode tirar a autenticidade do personagem, a mudança de vocação de herói pode deixar a história inverossímil. A sugestão de Snyder em tal situação é tornar o vilão realmente mau. Quando a escuridão é muito escura, os personagens com algumas manchas escuras parecem muito mais brilhantes. Se o chefe do cartel de drogas está lentamente matando seu traficante que era considerado membro da família, de repente temos pena e simpatia por sua situação.

Outra opção é dar ao seu protagonista um senso de humor avantajado. Se acharmos o personagem legal, com bom temperamento, não ligaremos muito para suas ações negativas. Por exemplo, imagine uma cena com uma mulher que está discutindo ao telefone com sua filha adolescente sobre o garoto que ela está namorando enquanto realiza um assalto. Isso cria uma separação entre trabalho e personalidade, acrescentando ironia ao mesmo tempo em que demonstra que ela é um ser humano que luta com problemas do dia a dia. 

Claro que este é um território perigoso. O público médio pode não querer assistir a uma história com pouca redenção, a menos que você esteja escrevendo para o gênero de terror. Uma forma de atenuar isso é adicionar um personagem secundário com uma bússola moral mais forte para questionar o estilo de vida do protagonista. Isso dá ao público permissão para achar as ações do protagonista desagradáveis e não se sentir como se estivesse sendo fortemente manipulado pelo roteirista para torcer para um bandido:

Traficante: “Não tenho escolha, ele vai matar meu irmão”.

Personagem secundário idealista: “Sempre há uma escolha”.

Double Mumbo Jumbo

Magia - livro e bola de cristal
Divulgação: Photo by Dollar Gill on Unsplash

O próximo passo em como resolver problemas do seu roteiro é o que Blake Snyder chama de Double Mumbo Jumbo. Em resumo, esta é a regra de que só pode haver uma mágica por filme. Portanto, escolha alienígenas ou use fadas, mas não use ambos ao mesmo tempo. Para elaborar, o público está disposto a aceitar uma premissa sobrenatural, mas não duas. Se você está pedindo a eles que acreditem que o Hulk nasceu de um experimento científico que deu errado, não misture a história com a de um dragão antigo. A primeira magia citada é a magia da ciência. A segunda magia é uma criatura mitológica incompatível com a primeira. As chances de ambos serem verdadeiros são astronomicamente remotas. Portanto, se o seu roteiro tem um Double Mumbo Jumbo, o que você pode fazer?

A melhor solução é escolher uma e jogar fora a outra. Mas daí muitos irão dizer por exemplo que acabaram de inventar a melhor luta de clímax da história do cinema – Hulk vs. Dragão, que não podem desistir disso. Bem, então você é forçado a considerar a solução número dois, que é definir uma causa unificadora para ambas as magias. Acontece que o dragão é na verdade um experimento do mesmo laboratório da radiação gama que criou o Hulk, ele foi feito através de algumas pesquisas de mistura de genes que estavam sendo feitas em lagartos e ovos de codorna. Portanto, o que parecem ser dois tipos diferentes de magia são, na verdade, uma só. Simples, não é? Claramente, isso é um exemplo exagerado, mas não é tão ruim quanto duas formas juntas de causas sobrenaturais. Então, sempre que possível escolha uma grande magia e permaneça com ela.

Enrolando muito

Relógio
Divulgação: Photo by Pierre Bamin on Unsplash

Próximo problema de roteiro na lista de Snyder é enrolar muito. Seu público teste ficou entediado antes de chegar à página 20? pode ser que você esteja enrolando muito, em outras palavras, você teve que escrever muito no caminho da ambientação da história para chegar ao lugar onde a jornada começa. Se demorar muito para envolver o público na aventura, você perderá a atenção dele. Isso nem sempre foi verdade, mas certamente é verdade para o público moderno, onde oito minutos de YouTube parecem uma eternidade. A solução? Veja onde você pode condensar a história para transmitir mais significado com menos tempo de tela.

Digamos que você tenha duas cenas que introduzem dois aspectos fundamentais do seu protagonista: 

Na primeira seu protagonista está em um encontro com uma garota bonita, ele gagueja na conversa sem jeito, ela ri de forma exagerada e ele a ataca com raiva. Ela anuncia que o encontro acabou e sai furiosa, um pouco assustada. Portanto, estabelecemos que nosso herói é inseguro e um pouco instável.

Então, na próxima cena, vemos o protagonista curvado sobre uma bancada com um ferro de solda, uma confusão de eletrônicos e peças tecnológicas ao redor. Nós o vemos em vários estágios de frustração, debruçado sobre os livros da relatividade de Einstein, xingando enquanto fagulhas irrompiam de sua alma, dormindo em cima de suas anotações… Finalmente o vemos marcar uma data em uma tela, entrar em uma câmara e desaparecer. Aqui estabelecemos que nosso herói é um inventor gênio que luta com as leis da física prática e, finalmente, consegue criar uma máquina do tempo.

Agora, essas duas cenas podem levar um tempo considerável de tela para serem contadas corretamente. E se, em vez disso, substituíssemos as duas cenas por uma única cena em que nosso protagonista está discutindo com seu professor universitário durante uma palestra. Com o rosto vermelho, ele conclui o argumento com “Eu te digo que Einstein está errado e eu vou provar, a viagem no tempo é tão real quanto o movimento em qualquer outra direção”. E enquanto o professor e seus colegas riem e estremecem de constrangimento, ele desajeitadamente reúne suas coisas e tropeça para fora da sala de aula. Em uma curta cena, comunicamos as mesmas ideias de que nosso herói é socialmente inepto, inseguro e determinado a construir uma máquina do tempo. Assim podemos dedicar mais tempo à aventura de fato.

Perigo à distância

Placa - perigo, não entre
Divulgação: Photo by Raúl Nájera on Unsplash

Outra dica para como resolver problemas do seu roteiro é ter uma aplicação direta de perigo em suas cenas. Se os bandidos atacarem lentamente pode ser tedioso ou não crível, ou ambos. O perigo deve ser claro e presente para prender a atenção do público. Se o seu filme é sobre o aquecimento global, você pode ter um problema, os efeitos mais significativos provavelmente não afetarão seus personagens principais durante a vida deles. A solução é apresentar uma premissa melhor ou encontrar maneiras de o vilão tocar e afetar diretamente o seu protagonista ao longo do filme.

Se for um filme de desastre sobre o aquecimento global, mostre-o através de vários anos no futuro e tenha seus heróis escapando por pouco de colapsos da calota polar, depois furacões e depois tsunamis. Se for a história de uma vaga burocracia do governo tentando tirar a casa de uma viúva, resolva o tema por meio do conflito com funcionários públicos corruptos e indiferentes. Faça o que fizer para manter as flechas caindo sobre seu herói. 

Confira também:  Como escrever um roteiro: Dicas para o seu primeiro projeto

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