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Entretenimento - Filmes - 22 junho 2020

The King of Staten Island: Pete Davidson brilha no melhor filme de Apatow desde “Tá Rindo do Quê?”

Em The King of Staten Island podemos notar algumas das assinaturas clássicas de Judd Apatow, mas principalmente duas das características que ele mais ama em seus filmes: Histórias sobre homem imaturos e ajudar comediantes não muito conhecidos a se tornarem grandes estrelas ao fazer filmes nos quais eles encarnam versões levemente ficcionalizadas de si mesmos.

Assim como Pete Davidson (cujo pai bombeiro de Nova York foi morto enquanto resgatava pessoas no acidente de 11 de setembro do Marriott World Trade Center), Scott Carlin perdeu o pai bombeiro em um incêndio quando tinha sete anos e, basicamente, está preso no tempo desde então (via IndieWire). Ao contrário de Davidson, no entanto, Scott não tem a comédia para lhe dar uma saída do sofrimento, sua única ambição é abrir um restaurante de tatuagem que ele chama de “Ruby Tattuesdays”. Pelo menos o filme ao seu redor é exibido pela mesma marca confessional de humor desprezível que Davidson traz ao “SNL”, como se estivesse sangrando à luz do dia e a piada é que todo mundo pensa que não é nada demais.

Scott mora em Staten Island com sua mãe enfermeira celibata Margie (Marisa Tomei) e com sua irmã que agora está na faculdade (Maude Apatow). E ele leva uma doença mental não especificada que o filme trata de forma leve que parece progressiva mas não muito à mostra, pelo menos até Scott quase matar algumas pessoas em um acidente de carro na cena de abertura. Quando ele não está causando acidentes e omitindo socorro na estrada, Scott passa seu tempo ficando chapado no porão com sua galera apatowiana de brutamontes de coração doce (Moisés Arias e Ricky Velez são os destaques) e transando secretamente com uma garota local orgulhosa chamada Kelsey (Bel Powley), que conhece Scott desde sempre, mas ainda não consegue compreender como a súbita perda de seu pai o deixou com medo de criar novos laços afetivos.

Parece que Scott vive muito bem com essa inércia, até ele tatuar um garoto de nove anos que ele conheceu na praia e o pai durão do garoto começar a namorar sua mãe. O nome dele é Ray (Bill Burr), ele está zangado e parado no tempo à sua maneira e também é bombeiro. Esse detalhe não parece exatamente ajudar Scott a lidar bem com um novo homem em sua vida.

Divulgação

A partir dessa premissa simples e suavemente assombrada, The King of Staten Island segue em frente com o mesmo tipo de baralhamento lânguido, inspirado em James L. Brooks, que Apatow mantém vivo com seus filmes.

Mostrar Davidson levando os filhos de Ray para a escola, ficando com raiva da mãe por ela fazer sexo com alguém que não é seu pai, e até ficando à beira de ficar sem-teto, deixa em foco que os filmes de Apatow não são só sobre pessoas que se recusam a crescer, e sim sobre quantos são os pontos fracos de existir em uma sociedade que força todos a existir na mesma velocidade. São fábulas modernas sobre pessoas brancas que descontrolam a esteira da vida e precisam de ajuda para começar a avançar novamente (preconceitos sistêmicos tendem a negar às pessoas de cor o mesmo tipo de perdão).

A vida começa quando começa, termina quando termina e não tem muita simpatia por quem não segue uma determinada linha do tempo. Mas as pessoas não amadurecem no mesmo ritmo. Alguns progridem mais devagar, outras pulam alguns passos e terminam muito à frente, enquanto outros – como Scott Carlin – se deparam com um trauma que os mantém presos no lugar. Os personagens de Apatow não são unidos só pela imaturidade, mas principalmente pelo sentimento compartilhado de estar fora de sincronia com o mundo ao seu redor e pelo medo mortal de não se alinhar com seu próprio potencial.

Confira também: Tenet: Tudo que você precisa saber sobre o filme

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