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Entretenimento - Filmes - 25 maio 2020

A Peculiaridade de Tim Burton

Estranheza. 

Adjetivo utilizado para caracterizar alguma reação, ou como diz no dicionário: Característica daquilo que é estranho; Designação de admiração, assombro, espanto ou estupefação; Desconforto, incômodo, desconfiança ou apreensão. Quando falamos essa palavra muitas vezes, o nome dele sempre aparece porque é impossível falar sobre o estranho sem citar ele, o pai dos filmes góticos, criador de mundos sombrios, Tim Burton. 

Nascido em Burbank na Califórnia, no dia 25 de agosto de 1958, Timothy William Burton cresceu no subúrbio de Hollywood e teve uma infância diferente das outras crianças pois gostava de filmes de terror considerados “trash”, inventava história sombrias e assistia desenhos animados cheios de monstros. Tim era um adolescente quieto, solitário, melancólico e a maioria de seus personagens também possuem essas características, sendo considerados versões e álter egos do próprio diretor.

Além da formação dos personagens, a infância de Burton também influenciou seus filmes no estilo e na questão narrativa, uma vez que vários hobbies e gostos peculiares que ele tinha, transpareciam nas histórias. Um exemplo é o fato de que Burton adorava ler os contos sombrios de Edgar Allan Poe e isso foi uma grande inspiração para o seu curta metragem intitulado Vincent. 

Vincent (1982)

Após o colegial, Tim Burton ganhou uma bolsa de estudos da Disney para estudar animação no Instituto das Artes da Califórnia por 3 anos. Depois desse tempo, ele acabou sendo contratado, mas o que não imaginava era que essa parceria tivesse divergências criativas no futuro. Lá ele fez alguns projetos importantes como, “Vincent” (animação em stop-motion), “João e Maria” e “Frankenweenie” (ambos live actions). 

Apesar de ter dirigido diversos filmes, Burton também escreveu poemas e contos em 1997, publicando então o livro “O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias”, que aborda para um público infant,il vários temas polêmicos como suicídio, sexo e violência familiar.

Considerado um diretor com uma carreira que se divide entre os altos e baixos, Tim Burton apela para o grotesco, caricaturismo macabro e um desenvolvimento emocional tardio. Seus filmes possuem um estilo único, mostrando a evolução gradual da estética que seus desenhos animados góticos tiveram. Então, o que para alguns pode ser mau gosto, para outros pode ser o início da corrida pelo famoso bilhete dourado.

Tim Burton realmente sabe o que quer e não vacila quando o assunto é a criatividade, mesmo que as vezes o resultado não tenha tanta recepção positiva do público. Ele ousa sem se preocupar com o limite e cria os personagens mais exóticos possíveis, sempre extravagantes, introspectivos, solitários e diferentes do padrão que a sociedade prega. É possível dizer que todos são caricaturas descaradas do diretor, que já comprovou o seu gosto pelo incompreendido.

Edward Mãos de Tesoura (1990)

Uma das presenças marcantes nos filmes de Burton é a intensa direção de arte, que engloba desde objetos de cena até figurino e maquiagem de cada ator/atriz, e o sentido que isso provoca na composição do personagem. Em Edward Mãos de Tesoura, percebemos que a roupa é um símbolo que ressalta a dificuldade do personagem, além de protege-lo de si mesmo, assunto que é muito interessante de ser estudado, uma vez que, o que faz ele diferente também o machuca.

O curioso é que o diretor além de desenhista também é animador e isso faz com que ele tenha um senso mais apurado para o aspecto artístico. Isso faz com que as pessoas fiquem impressionadas com os filmes que ele faz, mesmo não gostando da história. É possível ver claramente os detalhes e a preocupação com a direção de arte até nas animações, como, “O Estranho Mundo de Jack”, “Vincent”, “Frankenwinnie” e “A Noiva Cadáver”. Em cada uma delas, os figurinos, cenários e objetos foram cruciais no desenvolvimento da narrativa, dando sentido e claro, originalidade a obra.

Quando alguém pensa em Tim Burton, logo imagina coisas estranhas, personagens deslocados, fotografia sombria e uma melancolia profunda. É muito fascinante assistir um filme e associar a imagem ao diretor que o fez, pois mostra que o mesmo, tem uma marca registrada que fica fixada na mente dos espectadores.

É válido lembrar que Burton se inspira em filmes “B”, mas suas obras sempre tem um elenco muito bom que mergulha fundo na personalidade dos personagens. Ele é um diretor visionário e autoral que conseguiu se manter na indústria cinematográfica durante tantos anos com o mesmo estilo. Tim Burton é ousado, intelectual e fiel ao próprio universo.

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