Como criar um personagem crível: Dicas para criar um personagem com profundidade
Como criar um personagem crível?
Então você decidiu que quer escrever um filme ou outra forma de stoytelling. O que faz uma boa história se tornar uma ótima história? Os personagens. Mas como você cria personagens críveis? Por onde você começa? A arte do design de personagens é complexa. Neste artigo, veremos como começar (via moviola.com).
Confira abaixo como criar um personagem crível.
Como criar um personagem crível: dimensionalidade
Algumas das críticas mais comuns a filmes é que ele tem muita exposição, ou falta profundidade ou falta realismo. Quando alguém diz que um personagem não é tridimensional o suficiente, eles estão querendo dizer que ele não tem a complexidade de um ser humano do mundo real.
Os humanos reais têm uma mistura complexa de motivos, integridade, honestidade e emoção. Exemplo: O escritório de Jerry dá dinheiro para a fundação da floresta tropical porque ele se preocupa com o que está acontecendo com as árvores da Amazônia ou porque ele quer passar um tempo com Julie, a loira atraente? Suas motivações podem ser puramente a primeira ou puramente a segunda, mas na maioria dos casos a complicada mistura das duas é o que é a vida real.
Se seus personagens de filme carecem desse tipo de ambivalência, mesmo o público adolescente mais desligado vai achar seu filme ruim. Portanto, precisamos criar personagens críveis. Mas você pode se surpreender com o fato de que bons personagens de filmes são tudo menos reais.
Os personagens de um filme são a essência fortemente condensada dos seres humanos. Vamos falar a verdade, a vida real é entediante. Ela é cheia de diálogos, seria uma série cheia de cenas intermináveis de escovação de dentes e cenas de compras em que as provas de roupas não estaria perfeitamente contida em uma montagem de 30 segundos. Os personagens nas telas são em todos os aspectos superiores aos mortais normais, seus sucessos são exponencialmente maiores e seus erros são igualmente monumentais.No roteiro, o banqueiro não perde $ 20.000 em negociações ruins, ela perde 20 milhões de dólares e é dinheiro da máfia.
Adicionar dimensão aos personagens é, em primeiro lugar, criar uma contradição ou ironia na vida e situação desse personagem: O psiquiatra de sucesso que luta secretamente contra sua própria psicose; o detetive que é assassino em série; o cirurgião com fobia de sangue… é importante que essas contradições permaneçam consistentes, mudar personalidades no meio do filme não soará verdadeiro para o público.
Personagem Vs. Caracterização
Ok, então criar profundidade significa criar contradições, mas quando falamos sobre profundidade de personagem, o que realmente queremos dizer com o termo personagem? Em seu livro “Story”, Robert McKee traça a distinção entre personagem (caráter) e caracterização, ele descreve a caracterização como a soma de todas as qualidades observáveis em um ser humano que são por exemplo: sua idade, sua inteligência, a maneira como falam, o carro que dirigem, basicamente qualquer coisa que você possa observar apenas assistindo a um dia típico de sua vida. Portanto, no caso do cirurgião com fobia de sangue, sua vida realizando cirurgias seria parte de sua caracterização, mas a fobia de sangue também é uma das peculiaridades de sua personalidade, mas ainda é uma característica observável.
Em contraste com a caracterização, McKee define personagem (caráter) como o que é revelado sobre uma pessoa nas escolhas que ela faz, como por exemplo a decisão de operar em uma emergência apesar de seu medo de sangue, falando desse personagem especificamente. E isso é importante para o roteirista entender, o personagem é revelado nas escolhas que um personagem faz sob intensa pressão, quanto maior a pressão, mais profunda a revelação sobre o personagem, então, para revelar o máximo sobre seus personagens, sua história precisa constantemente colocá-los em situações de panela de pressão onde as apostas são altas. Exemplo: Um corrupto esclarecendo suas atividades é uma coisa, agora ele se entregar mesmo quando os mafiosos têm um rifle apontado para ele, revela caráter.
As melhores contradições em seu elenco são, então, entre personagem e caracterização. Imagine o bravo fuzileiro naval encontrando a lula alienígena gigante apenas para sair correndo gritando, há a contradição entre caracterização – o guerreiro destemido, e personagem – um covarde. Substitua o fuzileiro por uma velhinha que espanca a lula com uma vassoura e você terá uma contradição diferente, desta vez entre a fragilidade física e a bravura inabalável.
Variando a Dimensionalidade dos Personagens
Agora você pode estar pensando que quanto mais dimensões tiver seus personagens, melhor, certo? Na verdade não. A profundidade ou dimensão dos personagens deve variar de acordo com o papel que eles desempenham na história. Se você dedicar uma quantidade significativa de tempo na tela para definir a personalidade de um personagem, o público vai esperar ver ele novamente mais tarde no filme.
Digamos que temos um herói de ação, vamos chamá-lo de Bruce, no início vemos sua esposa brutalmente assassinada em sua loja de cupcakes através de uma cena com muito sangue e glacê rosa; agora vemos Bruce conversando com a professora de jardim de infância de seu filho, uma jovem atraente e núbil. Imagine dois cenários alternativos:
- no primeiro, a professora revela que ela recentemente perdeu o noivo em um acidente bizarro de jardinagem e, portanto, tem uma conexão especial com o filho de Bruce.
- No segundo simplesmente ouvimos a professora dizer “não se esqueça da sua mochila Jimmy” enquanto o garotinho passa correndo para encontrar o pai, ela sorri, entrega a bolsa e a cena corta.
Vamos pegar o primeiro cenário, o público instantaneamente já supões de que este é o interesse amoroso na história, ela é dimensionada como sofredora, mas nobre viúva, ela se encaixa perfeitamente, pronta e disposta a cumprir o papel de mãe e restaurar uma integridade que foi destruída na tragédia do cupcake.
Agora imagine que ela nunca mais apareça no filme, exceto nos créditos em que ela aparece como professora de jardim de infância número três, você tem um público frustrado que passa o filme inteiro perguntando quando a senhora do jardim de infância vai aparecer de novo. Eles receberam uma dimensionalidade sem explicação.
Agora, voltando ao segundo cenário, a mesma personagem faz uma aparição que tem pouca ou nenhuma dimensão, neste caso o público não tem expectativa, ela é uma personagem sem importância, e ficaríamos realmente surpresos se ela aparecesse uma segunda vez.
Portanto, a dimensionalidade dos personagens deve ser sempre proporcional ao seu significado para a história.
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